26.11.09

O Pensador







Estranho ter em mim ainda vestígios de algo que já não tem mais sentido, algo que está ocupando um pequeno espaço onde muitos lutam conquistar.
Algo tão inerte, tão imóvel, tão sem cor, sem sabor, sem textura.
Não sei por que esta aqui ainda se é como um navio enferrujado pela maresia, atrapalhando a paisagem encalhado em um porto de um mar azul turquesa.

Perdeu a validade, já não é mais bonito de se ter.
Na verdade nunca mais o será, e isso é bom.

É como uma peça de roupa velha, uma peça que muito foi procurada, almejada, mas que já saiu de moda e se for usada novamente causará estranheza, desconforto.
Mas parte dela ainda esta ali.
No roupeiro.
Ensacada e cheirando a naftalina.
Maldita veste que, mesmo sem uso, ocupa o lugar onde deveria ficar uma linda peça da nova estação.




Por que isso esta aqui se já não tem mais vida, se já não brilha, se já não me faz bem.
A resposta?

Não, não esta aqui porque um dia pode ser usado novamente.
Tão pouco está aqui porque ainda sobrevive, se sabemos de fato que já há tempo não sobrevive mais.

Esta aqui porquê marcou, serviu como referencia, foi o primeiro.
Esta aqui porquê foi o percursor, o ponto de partida, a excelência no momento que era pra ser.

E muitos virão, e irão, e deixarão rastros.

Mas e esse, ele vai embora?
Não, não vai.
Estará sempre aqui como pioneiro, guardado, com o tempo parcialmente esquecido, dentro de um closet da memória.




Bendita seja a moda que muda com frequência.

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